Representantes dos Estados Unidos e da Rússia concordaram nesta terça-feira (18) em nomear "equipes de alto nível" para negociar o fim da guerra na Ucrânia e em estabelecer as bases para "futuras cooperações" entre as duas maiores potências nucleares do planeta.
As informações estão em um comunicado divulgado pelo Departamento de Estado americano após a reunião entre o secretário Marco Rubio e o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em Riad, na Arábia Saudita, sem a presença da Ucrânia e da Europa.
"O presidente Trump quer parar a matança; os Estados Unidos querem paz e estão usando sua força no mundo para unir os países. O presidente Trump é o único líder no mundo que pode fazer com que a Ucrânia e a Rússia concordem com isso", diz a nota.
A reunião se seguiu a uma conversa por telefone entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin, em 12 de fevereiro, enquanto a Ucrânia teme ser forçada por Washington a aceitar um acordo que mais pareça uma rendição, inclusive com a renúncia definitiva aos territórios tomados por Moscou e a concessão de um pedaço importante de sua economia aos Estados Unidos.
Uma das etapas do plano americano, de acordo com a imprensa local, seria a realização de eleições presidenciais, o que poderia tirar Volodymyr Zelensky do poder.
Segundo o Departamento de Estado dos EUA, as duas potências decidiram "estabelecer um mecanismo de consulta para abordar questões que atrapalham nossa relação bilateral, com o objetivo de tomar as medidas necessárias para normalizar a operação de nossas respectivas missões diplomáticas".
Além disso, Rússia e EUA concordaram em "nomear equipes de alto nível para começar a trabalhar em um caminho para acabar com o conflito na Ucrânia o quanto antes, de uma forma duradoura, sustentável e aceitável para todas as partes", além de "estabelecer as bases para uma futura cooperação em questões de interesse geopolítico mútuo e em oportunidades econômicas e de investimento históricas que surgirão de um fim bem-sucedido" da guerra.
"As partes prometem permanecer engajadas para garantir que o processo avance de forma produtiva. Um telefonema seguido por uma reunião não é suficiente para estabelecer uma paz duradoura. Precisamos agir, e hoje demos um passo importante", conclui o comunicado.
Após o encontro, Rubio disse à imprensa que a Europa também "deve se sentar à mesa de negociações", uma vez que impôs sanções contra Moscou, mas salientou que Trump "é o único líder no mundo que pode encerrar esse conflito".
Já Lavrov afirmou que agora os EUA "escutam melhor" as demandas russas e definiu como "inaceitável" a ideia de permitir tropas de países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) como forças de manutenção da paz na Ucrânia.
Zelensky cancela viagem após reunião
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, cancelou uma viagem à Arábia Saudita programada para amanhã (19), após a reunião desta terça-feira (18), em Riad, entre representantes dos Estados Unidos e da Rússia para discutir a guerra de quase três anos no leste da Europa.
"Sejamos honestos e abertos mentalmente: não quero coincidências, por isso não irei à Arábia Saudita", disse o líder ucraniano durante uma visita à Turquia, acrescentando que a viagem ao país árabe acontecerá apenas em 10 de março.
Zelensky ainda lamentou o fato de a Ucrânia não ter sido convidada para o encontro entre EUA e Rússia e cobrou a inclusão da Europa nas tratativas.
"A Ucrânia e a Europa em sentido amplo - e isso incluiria a União Europeia, a Turquia e o Reino Unido - deveriam ser envolvidas nas conversas e no desenvolvimento das garantias de segurança com a América", disse.
Trump fala sobre negociações
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (18) que as negociações com a Rússia para colocar um fim na guerra contra a Ucrânia "correram muito bem". O mandatário acrescentou que está "mais confiante do que antes".
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