A aprovação pelo governo da Itália do pacote de medidas para restringir a transmissão de cidadania por direito de sangue, o chamado "jus sanguinis", foi criticada neste sábado (29) por deputados da Liga, partido que integra a base aliada.
Os deputados italianos Dimitri Coin e Graziano Pizzimenti afirmaram que as medidas precisarão ser tratadas e modificadas no Parlamento.
"É estranho que o governo tenha decidido reprimir os descendentes daqueles que emigraram para o exterior, principalmente de origem veneziana, lombarda, piemontesa ou friulana, mas depois pensa em dar cidadania a jovens que muitas vezes são muçulmanos. É incrível que eles estejam mais preocupados com nossos bisavós. Faremos correções em plenário", criticou Coin.
Pizzimenti, por sua vez, avaliou que as normas previstas no decreto-lei aprovado pelo governo são "desconcertantes".
"Estamos falando de nossos avós e bisavós, que são de Friuli-Veneza Giulia, Vêneto, Lombardia, Piemonte, e suas origens são transmitidas aos seus descendentes, mesmo que tenham nascido e crescido no exterior. Abordaremos e modificaremos essa proposta", garantiu o deputado.
Já o porta-voz do Força Itália (FI), outro partido da base aliada, Raffaele Nevi, declarou à ANSA que foi "surpreendente" ouvir alguns deputados da Liga dizerem "coisas diferentes" do que seus próprios ministros votaram no último Conselho dos Ministros.
"No processo de conversão [do decreto em lei] no Parlamento, tudo pode ser melhorado, mas esta me parece ser uma regra sacrossanta e urgente também para pôr fim à fraude e às violações claras da lei de cidadania, que deve ser conquistada e não dada de graça", avaliou Nevi.
O decreto em questão impõe um limite geracional para a transmissão de cidadania por direito de sangue: daqui em diante, apenas quem tem um pai ou um avô nascido na Itália poderá obter a dupla nacionalidade. Apesar da entrada em vigor imediata, ele precisa ser aprovado pelo Parlamento em até 60 dias para se tornar definitivo.
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS © Copyright ANSA