Ao menos 184 pessoas de uma comunidade vodu em Cité Soleil, na periferia de Porto Príncipe, no Haiti, foram assassinadas entre 6 e 7 de dezembro por ordens do chefe de uma gangue local, Wa Mikano, que as acusa de lançar um "feitiço" em seu filho, morto por uma doença.
A denúncia, feita pela ONG local Comitê pela Paz e Desenvolvimento (CPD), revela mais um ato de violência extrema cometido por membros de gangues que controlam a maior parte da capital.
"Ele decidiu punir com crueldade todos os idosos e praticantes do vodu, que, na cabeça dele, conseguiram jogar um feitiço negativo em seu filho", informa um comunicado do CPD.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou a violência "horrível", que, segundo seu porta-voz, matou 184 pessoas, incluindo 127 idosos e mulheres.
O primeiro-ministro haitiano, Alix Didier Fils-Aimé, também criticou o "desprezível massacre" nos "termos mais enérgicos possíveis".
"Este ato bárbaro de crueldade insuportável custou a vida de mais de uma centena de homens e mulheres, em sua maioria idosos indefesos", disse Fils-Aimé. O governo também afirmou que pretende "perseguir e destruir todos os criminosos" envolvidos no atentado.
Segundo relatos locais, as vítimas foram "sacrificadas" a pedido de um panteão vodu que servia a Wa Mikano, após rejeitar animais como oferendas. Entre os líderes das gangues haitianas, é comum a crença de que, através de sacrifícios, eles obterão proteção mística dos espíritos.
Há décadas a zona de Cité-Soleil está sob controle de vários grupos armados, e sua população convive com a extrema pobreza e a falta de serviços básicos, como água, energia elétrica e segurança.
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