A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou como incoerente a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado, enquanto aliados do ex-mandatário compararam a situação a uma "câmara de gás".
Segundo os advogados, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, baseou a denúncia essencialmente na delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, que trabalhou ao lado do ex-presidente entre 2019 e 2022.
"A inepta denúncia chega ao cúmulo de lhe atribuir [a Bolsonaro] a participação em planos contraditórios entre si e baseada em uma delação diversas vezes alterada, por um delator que questiona sua própria voluntariedade", argumenta a defesa, comandada pelo criminalista Celso Sanchez Vilardi. Bolsonaro "jamais compactuou com qualquer movimento que visasse à desconstrução do Estado Democrático de Direito ou das instituições que o sustentam", acrescenta.
Vilardi, que assumiu a defesa no mês passado, desenhou uma nova estratégia focada em dois eixos: questionar as supostas inconsistências da delação de Cid e tentar retirar o caso da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), onde há maioria de ministros que seriam desfavoráveis a Bolsonaro.
Enquanto Vilardi e sua equipe atuam no STF, o ex-presidente deve liderar uma estratégia política que inclui a expectativa de apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a pressão sobre o Congresso Nacional.
Na tarde de ontem (18), ao lado de parlamentares como Rogério Marinho (PL), líder da oposição no Senado, Bolsonaro citou Trump ao comentar sua situação, mas negou estar preocupado com uma então possível denúncia da PGR.
A partir de hoje, senadores e deputados bolsonaristas devem intensificar as críticas ao STF e ao relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes, enquanto a defesa adotará um tom mais técnico em suas alegações perante a Corte.
Um exemplo dessa estratégia foram as declarações feitas ontem por Marinho, que disse que Bolsonaro "não deveria estar sendo julgado no STF" e criticou a ausência de instâncias recursais para o ex-presidente, comparando a situação a um julgamento em "câmara de gás".
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