O governo brasileiro anunciou nesta terça-feira (21) o nome do embaixador André Corrêa do Lago para presidir a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada no final deste ano em Belém, no Pará.
A informação foi divulgada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e pela secretária-executiva do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, depois de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marina aproveitou para "parabenizá-lo" pela disposição e afirmou que a secretária Ana Toni será a diretora-executiva da COP. Além disso, destacou que ambos ocupam “posições que são fundamentais, estratégicas na parte de conteúdo, negociação e liderança de todo o processo da COP”.
O diplomata foi considerado o principal negociador do Brasil nas últimas duas cúpulas do clima, em Dubai, nos Emirados Árabes, em 2023, e em Baku, no Azerbaijão.
Desde 2023, Corrêa do Lago é secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty, cargo criado durante a gestão do petista, e é responsável por trabalhar com temas de desenvolvimento sustentável desde 2021.
Após o anúncio, ele agradeceu "a confiança do presidente Lula" em nomeá-lo presidente da COP 30 e disse ser "uma honra imensa". "Acredito que o Brasil pode ter um papel incrível nessa COP", enfatizou.
O embaixador ainda expressou gratidão a "todos os atores que são absolutamente essenciais na formação do que o Brasil quer desta COP", como ,o governo, a sociedade civil e o empresariado.
"Com a ajuda de vocês, vamos fazer uma COP que será lembrada com entusiasmo", disse.
Questionado sobre como a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, anunciada pelo presidente Donald Trump, pode afetar a Conferência do Clima da ONU, Corrêa do Lago reconheceu que o país é "um ator essencial".
"Não só a maior economia, também um dos maiores emissores, mas também um dos países que têm trazido respostas à mudança do clima com tecnologia. Os EUA têm empresas extraordinárias, e vários estados e cidades americanas estão muito envolvidos nesse debate", afirmou.
O diplomata brasileiro destacou ainda que "todos ainda analisando as decisões do presidente Trump, mas não há a menor dúvida de que terá um impacto significativo na preparação da COP, e na maneira como vamos lidar com o fato de que um país importante está lidando com esse processo".
"Inclusive, os Estados Unidos continuam membros da Convenção do Clima, estão saindo do Acordo de Paris. Então, há vários canais que permanecem abertos, mas não há dúvidas de que é um anúncio político de grande impacto", concluiu Corrêa do Lago.
Reação
Após o anúncio, a diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, disse ter recebido com “bons olhos” a nomeação de Corrêa do Lago como presidente da COP 30.
“Com ampla experiência em diplomacia climática, o embaixador possui o conhecimento e as capacidades necessárias para mediar as negociações entre os mais de 190 países”, diz a nota.
Segundo Pasquali, “Corrêa do Lago terá uma grande responsabilidade pela frente: em um mundo polarizado, com os Estados Unidos - o segundo maior emissor do mundo de gases do efeito estufa - deixando o Acordo de Paris, enquanto vemos os eventos extremos se intensificarem, será necessária muita habilidade para que avanços cruciais aconteçam.
Para o Greenpeace Brasil, “o maior desafio da presidência da COP30 sem dúvida será imprimir a urgência necessária a um processo que encontrará, no cenário político, sinais invertidos”.
“Não podemos nos distrair do que precisa ser feito: a transição para um mundo sem combustíveis fósseis e a viabilização de recursos para que os países em desenvolvimento possam cumprir seus planos de mitigação e adaptação”, concluiu Pasquali. (ANSA)
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