A influenciadora italiana Chiara Ferragni pagará 200 mil euros (R$ 1,3 milhão) a uma ONG de apoio a mulheres vítimas de violência para encerrar todos os contenciosos judiciais com a Associação de Usuários de Serviços Radiodifusores (Assourt) e a Coordenação das Associações de Defesa dos Direitos dos Consumidores (Codacons).
O acordo foi fechado no âmbito de um inquérito do Ministério Público de Milão contra Ferragni por fraude agravada em campanhas beneficentes de pandoros (doce natalino típico da Itália) e ovos de Páscoa em 2022 e 2023, escândalo que abalou o império da influencer mais seguida do país.
Com isso, a Codacons, que integra o caso como "parte ofendida", vai retirar a ação contra Ferragni, o que pode se refletir na decisão do MP de denunciá-la ou pedir o arquivamento da investigação, que foi concluída em outubro passado.
"O acordo marca a dupla vontade das partes, por um lado, de encerrar disputas anteriores e, por outro, de olhar positivamente para o futuro, estabelecendo um clima de colaboração e respeito com o objetivo de incentivar iniciativas concretas e um diálogo construtivo sobre questões sociais de interesse comum", diz um comunicado dos advogados de Ferragni, Giuseppe Iannaccone e Marcello Bana.
O pacto também prevê a destinação de uma "soma em dinheiro destinada ao ressarcimento dos consumidores representados pela Codacons e pela Assourt que tinham comprado o pandoro" no centro da polêmica (o valor por pessoa deve ser de 150 euros, o equivalente a R$ 970), além de outra quantia para reembolsar as associações pelas despesas legais do caso.
Ferragni ainda participará de um evento da Codacons no âmbito de uma campanha nacional contra a violência de gênero na Itália.
O escândalo começou após a influenciadora ter sido multada em 1 milhão de euros (R$ 6,5 milhões) por prática comercial desleal na promoção de um pandoro com edição limitada no Natal de 2022.
A propaganda do produto fazia o público acreditar que o dinheiro obtido com as vendas seria revertido para o hospital pediátrico Regina Margherita, de Turim, mas, na verdade, a Balocco, fabricante do doce, já havia feito uma doação de 50 mil euros (R$ 323 mil) antes mesmo de a campanha começar, valor muito menor do que o arrecadado posteriormente.
Mais tarde, veio à tona que algo semelhante havia acontecido com a venda de ovos de Páscoa com a marca de Ferragni em 2022 e 2023, cuja arrecadação seria revertida, segundo a propaganda, para a ONG I Bambini delle Fate, que faz projetos de inclusão social para menores portadores de deficiência.
De acordo com o Ministério Público, a influencer teria lucrado 2,2 milhões de euros (R$ 14,2 milhões) com os dois produtos. Logo após a repercussão negativa do caso, a italiana fechou acordos para doar 1 milhão de euros (R$ 6,5 milhões) ao hospital e 1,2 milhão (R$ 7,7 milhões) à ONG.
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