(ANSA) - A Mocidade Alegre, tradicional escola de samba do bairro do Limão, na zona norte da capital paulista, foi a grande campeã do carnaval de São Paulo na apuração desta terça-feira (13), com o enredo “Brasileia Desvairada – A busca de Mário de Andrade por um país”.
No desfile do último sábado (10), a Mocidade levou ao Sambódromo do Anhembi uma história baseada em uma carta, escrita há exatos 100 anos, em 1924, pelo poeta e escritor Mário de Andrade, que narrava seu desejo de conhecer melhor o Brasil.
A essa manifestação, seguiu-se uma série de viagens do modernista, que partiu de São Paulo em busca da essência brasileira passando por conceitos em destinos como a arte religiosa de Minas Gerais, a cultura dos ribeirinhos do Rio Amazonas, e as festas populares do Nordeste e do interior paulista.
Para dar nome à história, o carnavalesco Jorge Silveira e o enredista Leonardo Antan se basearam no mais célebre livro de Mário de Andrade, “Paulicéia Desvairada”.
Para a comissão de frente, primeira apresentação de um desfile, a Mocidade uniu a figura do brasileiro à “commedia dell’arte” italiana, a partir do poema “Inspiração”, em que Mário de Andrade apresenta o “caleidoscópio paulistano” e usa o termo “arlequinal”.
Com a referência ao personagem da antiga comédia italiana que também tornou-se símbolo de carnaval, Mário de Andrade foi apresentado justamente como um Arlequim, em uma São Paulo em forma de locomotiva.
A conquista marcou o bicampeonato da Morada do Samba, que também venceu em 2023 com o enredo “Yasuke”, e que é a maior campeã do século no carnaval de São Paulo, com oito títulos nos últimos 21 anos.
A escola também se tornou a segunda mais vitoriosa da história, atrás apenas do Vai-Vai, que já levou 15 títulos.
A pontuação máxima de 270,0 foi idêntica à da segunda colocada Dragões da Real, mas a Mocidade foi contemplada pelo primeiro critério de desempate, a soma das menores notas que foram descartadas durante o julgamento.
O Camisa Verde e Branco, escola da Barra Funda que homenageou o ex-jogador Adriano Leite Ribeiro, o “Imperador”, surpreendeu ao permanecer no Grupo Especial, conquistando a 12ª colocação.
Após ter brigado nota a nota contra o rebaixamento durante a apuração, a agremiação confirmou sua presença na elite, para onde havia retornado após 12 anos no grupo de acesso.
No primeiro desfile da última sexta-feira (9), o carnavalesco Renan Ribeiro levou à avenida “Adenla – O Imperador nas terras do Rei”, fazendo um tributo ao patrono espiritual da escola, o orixá Oxóssi, e ao ídolo do Flamengo e da Inter de Milão, com passagens por Fiorentina, Parma, Roma, São Paulo, Corinthians, Athletico-PR e Miami United.
Outra escola cujo enredo tinha laços com a Itália, a Tom Maior, teve seu enredo e desfile “Aysú – Uma história de amor” aclamado pelo público e por especialistas, mas o sucesso não se refletiu no julgamento e a escola ficou na 13ª posição na tabela, sendo rebaixada para o Grupo de Acesso 1 do carnaval paulista.
A escola levou à avenida uma adaptação indígena do mito de Orfeu e Eurídice. A tragédia grega foi eternizada por uma ópera italiana considerada a mais antiga ainda em execução, além de primeira obra-prima do gênero e uma das primeiras a ser catalogada: "L'Orfeo", de Claudio Monteverdi, escrita em 1607 para uma encenação no Carnaval de Mântua.
Confira a classificação final do grupo especial do carnaval de São Paulo 2024:
- Mocidade Alegre - 270,0
- Dragões da Real - 270,0
- Acadêmicos do Tatuapé - 269,8
- Gaviões da Fiel - 269,6
- Mancha Verde - 269,6
- Império de Casa Verde - 269,6
- Acadêmicos do Tucuruvi - 269,4
- Vai-Vai - 269,4
- Barroca Zona Sul - 269,3
- Águia de Ouro - 269,1
- Rosas de Ouro - 269,1
- Camisa Verde e Branco - 269,0
- Tom Maior - 268,7
- Independente Tricolor - 268,7
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