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Papa critica deportações em massa de Trump: 'Ferem dignidade'

Papa critica deportações em massa de Trump: 'Ferem dignidade'

Francisco pediu que católicos evitem 'muros de desonra'

VATICANO, 11 de fevereiro de 2025, 14:13

Redação ANSA

ANSACheck
Deportação de imigrantes em Fort Bliss, no Texas © ANSA/AFP

Deportação de imigrantes em Fort Bliss, no Texas © ANSA/AFP

O papa Francisco enviou aos bispos dos Estados Unidos uma carta em que faz duras críticas à política de deportações em massa promovida pelo presidente Donald Trump.
    Datado de 10 de fevereiro, o texto foi divulgado pelo Vaticano nesta terça-feira (11) e expressa discordância em relação a "qualquer medida que identifique, tácita ou explicitamente, o status ilegal de alguns imigrantes com a criminalidade", ainda que reconheça "o direito de uma nação de se defender e manter suas comunidades seguras contra quem cometeu crimes violentos".
    "Dito isso, o ato de deportar pessoas que, em muitos casos, deixaram a própria terra por razões de extrema pobreza, insegurança, exploração, perseguição ou grave deterioração do meio ambiente prejudica a dignidade de muitos homens e mulheres e de famílias inteiras e os coloca em um estado de particular vulnerabilidade", escreve o Papa.
    Na carta, Francisco lembra que Jesus Cristo "também escolheu viver o drama da imigração" e "nos ensinou a reconhecer a dignidade de cada ser humano, sem exceção". "Assim, todos os fiéis cristãos e as pessoas de boa vontade são chamados a considerar a legitimidade das normas e das políticas públicas à luz da dignidade da pessoa e dos seus direitos fundamentais, e não o contrário", ressalta o pontífice.
    Jorge Bergoglio também aponta que um "autêntico Estado de direito se verifica justamente no tratamento digno que todas as pessoas merecem, especialmente as mais pobres e marginalizadas", e que aquilo que é "construído com base na força começa mal e vai terminar mal". Além disso, insta a comunidade católica a acolher estrangeiros e "não ceder perante narrativas que discriminam e causam sofrimento desnecessário a nossos irmãos e irmãs imigrantes e refugiados".
    "Somos todos chamados a viver em solidariedade e fraternidade, a construir pontes que nos aproximem cada vez mais, a evitar muros de desonra e a aprender a dar a nossa vida como Jesus Cristo deu a dele pela salvação de todos", diz.
    Antes mesmo da posse de Trump, o Papa já havia definido a promessa do republicano de deportar estrangeiros em massa como "uma desgraça" que faria "os pobres pagarem a conta" dos problemas sociais dos Estados Unidos.
    O presidente vem promovendo uma série de repatriações desde que voltou ao poder, sobretudo de imigrantes latino-americanos, a quem atribui problemas de segurança pública no país.
   

:'Czar' de Trump para fronteira ataca Papa: 'Deveria pensar na Igreja'

O czar de Donald Trump para fronteira, Tom Homan, atacou o papa Francisco nesta terça-feira (11), após o pontífice enviar uma carta aos bispos dos Estados Unidos para fazer duras críticas à política de deportações em massa promovida pelo republicano.

Em declaração a jornalistas na Casa Branca, Homan disse que Jorge Bergoglio deveria “se concentrar na Igreja Católica”, “consertar isso”, e deixar a fiscalização das fronteiras para a administração Trump.

“O Papa quer nos atacar porque protegemos nossas fronteiras?”, questionou o “czar”, lembrando que o religioso tem “um muro ao redor do Vaticano”. “E não podemos ter um muro ao redor dos Estados Unidos...”, concluiu. (ANSA)

 

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