O grupo fundamentalista islâmico Hamas restituiu neste sábado (22) os últimos seis reféns israelenses vivos no âmbito da primeira fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza em vigor desde 19 de janeiro.
Apesar dos protestos de Israel, a milícia palestina repetiu o ritual de expor os sequestrados em palcos ao lado de combatentes armados e diante de multidões antes de entregá-los à Cruz Vermelha.
A exceção foi o beduíno Hisham al-Sayed, levado até agentes humanitários sem cerimônias de propaganda. Natural do vilarejo de Hura, no deserto do Neguev, e diagnosticado com esquizofrenia, Al-Sayed entrou em Gaza através da passagem de fronteira de Erez em 2015 e passou quase 3,6 mil dias em cativeiro.
Durante a manhã, o Hamas libertou dois reféns em Rafah, no extremo-sul do enclave palestino: Tal Shoham, sequestrado nos atentados terroristas de 7 de outubro de 2023, e Avera Mengistu, judeu de origem etíope que havia sido raptado em setembro de 2014, também com histórico de problemas mentais.
"Passaram-se 10 anos e cinco meses de sofrimento inimaginável para nossa família", disseram os parentes de Mengistu.
Um pouco mais tarde, em Nuseirat, o Hamas entregou à Cruz Vermelha os reféns Eliya Cohen, Omer Wenkert e Omer Shem Tov, todos eles sequestrados nos atentados de 2023. Enquanto eles eram expostos no palco, Shem Tov se mostrou sorridente e beijou as testas de dois combatentes do grupo islamista, recebendo aplausos do público.
"Omer é assim, se dá bem com todos, até com o Hamas", disse a avó do israelense em entrevista ao Canal 12.
Em troca dos reféns, Israel soltará 602 prisioneiros palestinos, levando o total de libertados desde o início da trégua para mais de 1,7 mil.
O Hamas, por sua vez, restituiu 25 reféns israelenses vivos (além de cinco tailandeses) e quatro mortos, incluindo os irmãos Ariel e Kfir Bibas, que tinham quatro anos e nove meses de vida, respectivamente, quando foram raptados nos atentados de 2023, e a mãe dos meninos, Shiri Bibas.
O grupo islâmico atribui a Israel a morte da família, porém o governo de Benjamin Netanyahu nega. Na semana que vem, o Hamas deve devolver os corpos de outros quatro reféns mortos.
Após a conclusão dessa fase, o grupo islamista ainda terá cerca de 60 reféns na Faixa de Gaza, porém Israel estima que um terço deles já tenha morrido. O Hamas se ofereceu para libertar todos de uma vez na segunda fase da trégua, em troca da retirada total das tropas israelenses do enclave palestino e de um cessar-fogo permanente.
Israel acusa Hamas por morte da família Bibas
O diretor do centro de medicina forense de Israel, Chen Kugel, disse que não foram encontrados sinais de ferimentos por bombardeios nos corpos dos irmãos Ariel e Kfir Bibas e da mãe deles, Shiri, mortos enquanto estavam sob poder do Hamas na Faixa de Gaza.
Os restos mortais dos três reféns foram restituídos a Israel no âmbito do cessar-fogo em vigor no enclave palestino desde 19 de janeiro.
O Hamas diz que Ariel, de quatro anos, Kfir, nove meses, e Shiri, 32, foram mortos em um bombardeio israelense em novembro de 2023.
"No exame conduzido nos corpos de Shiri, Ariel e Kfir Bibas e de Oded Lifshitz [cujo corpo também foi devolvido pelo grupo islâmico], não foi encontrada nenhuma prova de ferimentos causados por bombardeios", disse Kugel à imprensa local.
"Encontramos um nível de maldade e malícia que nunca imaginamos que pudesse existir", acrescentou. Já o Hamas acusou Israel de disseminar informações "falsas" e "mentiras sem fundamento" sobre a morte da família Bibas.
Por conta disso, o governo israelense atrasou a libertação de 602 prisioneiros palestinos que estava prevista para este sábado, em troca dos seis reféns libertados vivos pelo Hamas.
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