A Itália vive a expectativa pela divulgação da sentença do processo em que o vice-premiê e ministro da Infraestrutura e dos Transportes, Matteo Salvini, é acusado de sequestro de pessoas e omissão de documentos oficiais, prevista para esta sexta-feira (20), em Palermo.
O Ministério Público pediu uma condenação a seis anos de prisão, posição que gerou protestos do governo italiano e fez a procuradora Giorgia Righi ganhar escolta policial após ameaças nas redes sociais.
Salvini, líder do partido nacionalista Liga, é réu por ter impedido o desembarque de 147 migrantes resgatados no Mediterrâneo pelo navio da ONG espanhola ProActiva Open Arms em agosto de 2019, quando ele era ministro do Interior e gerenciava as políticas migratórias do país com mão de ferro.
Na ocasião, a embarcação ficou 20 dias estacionada em frente à ilha de Lampedusa, e a maior parte das pessoas a bordo só pôde descer na Itália após uma intervenção da Justiça Administrativa, que determinou o desembarque por motivos sanitários.
"Não estou preocupado, estou confiante e determinado", disse Salvini nesta quinta-feira (19), acrescentando que "um homem não vale nada" se "não estiver disposto a correr riscos por suas ideias". "Uma condenação seria uma vergonha para a Itália", reforçou o ministro em entrevista ao jornal holandês De Telegraaf.
Ele alega que o navio da Open Arms deveria ir para Líbia ou Tunísia, na costa africana, ou para a Espanha, país de origem da ONG, embora normas internacionais de navegação determinem que pessoas resgatadas no mar devam ser levadas para o "porto seguro mais próximo", independentemente da proveniência delas.
Na véspera da sentença, o ministro recebeu o apoio de colegas de governo, como o também vice-premiê e chanceler Antonio Tajani, que disse estar convencido de que ele será "absolvido", e de aliados europeus. "Justiça para Matteo Salvini", escreveu no X o premiê de extrema direita da Hungria, Viktor Orbán.
Já o bilionário Elon Musk afirmou na mesma rede social que é "um absurdo" que o ministro seja "processado por ter defendido a Itália".
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